segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Sobre relacionamentos destrutivos



Lembro que uma vez eu falei para um amigo que estava cansada de me relacionar com pessoas que pareciam fazer questão de partir meu coração. A resposta dele foi "o problema é que você escolhe sempre os caras errados". Pensei sobre isso e até poderia fazer sentido, se não fosse por um fator: todo mundo é perfeito e certo num primeiro momento. Ninguém é burro o suficiente para se arriscar em algo que sabe que vai dar errado, o máximo que pode haver são sinais. Pois bem. Meu primeiro namoro de verdade foi tarde (comparado aos meus amigos), aos 20, e começou com uma conversa bem inocente. Sabe quando você é afim de alguém e essa pessoa não corresponde e, do nada, aparece aquele cara que você sempre achou interessante e ele começa a demonstrar que também é interessado em você? Eu sei que vocês sabem. Enfim, o amigo do amigo que apresenta, logo vocês trocam mensagens, que viram ligações e tchan! Um encontro.
Uau, ele é mais alto e mais bonito pessoalmente, tem olhos lindos e uma tatuagem legal. Ele gosta das mesmas músicas que você e tem um sorriso lindo. Ok, uma ficada não pode ser assim tão ruim, né? Aí, como truque do capiroto, o primeiro beijo é perfeito e leva à outro encontro e, quando você menos espera, diz que sim e aceita namorar. Até aí é normal, todo o encontro é legal, a química é perfeita e a entrega é mútua. Seus amigos reclamam que você não tem mais tempo e te alertam sobre essa pessoa, mas eles não o conhecem como você (ô frase maldita). Aos poucos, a pessoa que queria apenas participar de sua vida, faltou às aulas de português e acha que participar é controlar. No início você estranha isso, mas como gosta,  deixa até certo ponto, lógico, não teve outras experiências e acha que isso é demonstração de confiança. Não é não, viu? Aí o tempo continua passando e as coisas pioram, quando você menos espera, faz tudo para ele, desde correr para encontrá-lo no meio do seu expediente e descobrir que não é nada de mais até pagar as contas dele. O que era esporádico se torna corriqueiro, ele vira a personificação do Foursquare, já que você tem que avisar onde está, com quem está, que horas chegou e que horas vai embora (e quando chegar em casa, se prepara que vai ter briga já que é sua obrigação só sair com ele!).
Tudo isso já é ruim, aí junta o fato que, além de você perder sua liberdade e viver para satisfazer os caprichos dele, ele começa a sair sem dar notícias, aparecem mensagens de "amigas" que você nunca viu e com um teor suspeito "adorei te ver", "você é lindo, gato!". Você fica emputecida e resolve tirar satisfações, mas ele ainda briga com você, aliás, como você OUSA suspeitar desse príncipe que está ao seu lado?
Você gosta tanto e ignora, e ele começa a ser grosso, fica com você só quando convém, te responde do jeito que bem entender e só quando ele quiser, solta sua mão ao encontrar amigos... Pois é, você está fazendo papel de trouxa!
Aí você conversa, diz que vai embora e ele promete mudar, acontece que as palavras dele são tão sólidas quanto aquele kissuco horrível que a gente tomava quando criança. Ele se torna uma péssima companhia e, pior, faz todas as chantagens possíveis para que você não vá embora, aliás, quem seria tão louca de fazer por ele tudo o que você faz? Ou como eu ouvi uma vez "seria burrice te trocar por outra, já que você me dá tudo o que eu quero". Ai! Você termina, mas a rotina de solteira te parece algo triste e você começa a achar que é sim melhor mal acompanhado do que sozinho. Aí volta com ele, que volta todo arrependido dizendo que perdeu a mulher da vida dele! Lógico, você assistiu aqueles filmes românticos e aprendeu na igreja que todo mundo merece uma segunda chance. Você nem conta para seus amigos que o encosto está de volta na sua vida, mas ainda assim se joga. Uma semana linda, ele cuida de você e faz suas vontades. Na segunda semana, umas escorregadas, mas tudo bem, ninguém é perfeito. Terceira semana e os hábitos voltam como antes e, quando você vê, tudo volta ao que era. Só que com um bônus: ele estava saindo com a ex ao mesmo tempo!

Eu sei que namorar é uma delícia e ter alguém do seu lado é simplesmente maravilhoso, mas procure sempre avaliar seu relacionamento, sem paranóias, sem comparações, mas fique atenta com qualquer sinal, nenhuma pessoa vale mais o seu amor do que você mesma e quando se está (ou se é) insegura, você esquece de amar você mesma. Não to falando para não amar nem deixar de se entregar, e sim não colocar alguém acima de você e seus princípios, ainda mais quando essa pessoa não te dá o menor valor! Só fui aprender o que era errado quando tive outro relacionamento, pois quando estamos com uma pessoa temos a sensação de que é ela para o resto da vida, então aturamos coisas sem necessidade, aí conhecemos alguém que mostra que sim, pode ser e É diferente. O amor e os relacionamentos servem para destruir a carência, o mau-humor, a solidão, o tédio e não para destruir à você mesmo. Roberto Carlos disse que é preciso saber viver, também é preciso saber amar... à você mesmo.

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